Page 106 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA

(Programa de Incentivos à Mudança Curricular nos Cursos de Medicina,
do qual o MEC é signatário, juntamente com o Ministério da Saúde), é um
dos maiores indicativos da tecnicidade apolítica e a histórica da proposta
apresentada. (REDE UNIDA, 2003: 03)

Naqueles anos, a ABEM, a CINAEM e a Rede UNIDA, vinham
trabalhando e mobilizando a área da saúde para a construção de um projeto
de escola médica com relevância social, comprometida com a construção do
SUS e com a saúde da população, entendendo a avaliação como ferramenta
estratégica para a conquista da responsabilização social. O próprio movimento
da CINAEM, pioneiro na realização da avaliação participativa, com caráter
formativo, indo além da função de regulação, foi um marco na avaliação
da educação superior. As discussões nos Congressos da ABEM e da Rede
UNIDA colocaram a avaliação na ordem do dia nos processos de mudança
implementados pelas escolas. As Diretrizes Curriculares Nacionais de
2001, também com grande participação dessas entidades, redimensionaram
o papel da avaliação no processo de ensino-aprendizagem, e mais do que
isso, passaram a exigir que os cursos estabelecessem processos amplos e
participativos de avaliação de modo a acompanhar a sua implementação.
Mesmo com um esforço concentrado por parte dessas entidades,
apoiadas pelas políticas do Ministério da Saúde, e com mobilização bastante
ativa para levar as escolas a implementar as mudanças necessárias, a
maioria das escolas ainda se organizava ensino centrado no hospital; nos
procedimentos técnicos; na transmissão vertical do conhecimento; e na
especialização precoce; reforçando o modelo médico hegemônico.
Muitas eram as conquistas da medicina do ponto de vista do
compromisso social, da democratização das estruturas, do acesso ampliado
às ações e aos serviços de caráter não hospitalar. Entretanto, ainda distante
de garantir a oferta de atenção integral à população, sendo um dos principais
problemas, a inadequação do modelo de formação de profissionais que
atendam às demandas do SUS. (BRASIL, 2003b)
Considerando o cenário, e considerando que todo esse movimento
foi construído com a participação efetiva das instâncias de governo,

93