Page 107 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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C APÍTULO III  A AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO MÉDICA NO BRASIL



           principalmente na aprovação das diretrizes de 2001, ficou difícil entender a
           proposição desarticulada e inadequada do instrumento de avaliação.
                Para essas entidades e para a Educação Médica em geral, a sinergia
           entre o movimento indutor das mudanças e o processo avaliativo proposto
           pelo  INEP/MEC seria  fundamental  para contribuir  com  a efetivação  dos
           avanços,  já  que  esta  seria  a  primeira  avaliação  das  escolas  médicas  após
           a aprovação das diretrizes.  Entretanto  a proposição  de um instrumento
           baseado em currículos tradicionais frustrou a expectativa da área, que assim
           se manifestou:


                     (...) A proposta tem uma orientação eficientista uma vez que focaliza a
                     comprovação da existência (presença) de vários indicadores sem articulá-
                     los à concepção do curso e por conseguinte à tradução operacional desta
                     concepção à luz das diretrizes nacionais, passando a inferir que a existência
                     garante  a  utilização  de  forma  qualificada.  O  projeto  é  extremamente
                     reducionista  em  sua  abordagem,  pois  tem  uma  concepção  de  currículo
                     conteudista  e  disciplinar,  desconsiderando  atores,  cenários  e  contexto;
                     reduz os espaços de prática profissional à infra-estrutura, as instalações
                     ao espaço material e trabalha com uma visão dissociativa do trabalho da
                     universidade, que separa e desarticula a pesquisa, o ensino e a extensão;
                     não permite avaliar processos (em toda sua riqueza reveladora), pois está
                     concentrado em resultados. (REDE UNIDA, 2003: 04)


                Naquele  momento  (outubro  de 2002), as entidades  apresentaram
           publicamente a rejeição à proposta, recomendaram aos avaliadores que não
           aceitassem  trabalhar na avaliação  das escolas  médicas  com  base naquela
           proposta, e levaram o debate a todas as escolas visando contribuir para a
           construção de uma alternativa legítima.
                A partir desse movimento, reabriu-se a discussão com a SESu e CNE,
           que solicitaram ao INEP a revisão do instrumento. Na sequência o INEP
           divulgou uma nova versão que levava em conta algumas das observações
           contidas no documento produzido em conjunto pelas entidades, mas que na
           opinião destas não era adequada a uma proposta de avaliação que deveria


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