Page 164 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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A construção desses instrumentos favoreceu muito a discussão sobre
o curso. Pensar no que perguntar a cada grupo de atores para construir a sua
percepção sobre o curso, e pensar em como compreender cada uma dessas
partes, que somadas deveriam representar o todo, exigiu o conhecimento de
todos os integrantes do grupo sobre tudo o que dizia respeito ao curso. Foi
um exercício interessante, de troca de vivências e saberes, já que por mais
que cada um dominasse a sua parte no todo, muito pouco se conhecia sobre
as outras partes. Além disso, era necessário conhecer de uma outra forma,
que permitisse a compreensão do olhar do outro sobre sua parte, sobre cada
parte, sobre o todo e sobre a interação no todo.
A construção dos indicadores exigiu o conhecimento aprofundado sobre
o projeto pedagógico do curso e sobre as diretrizes curriculares da medicina.
Mais do que isso, exigiu a compreensão dos processos e procedimentos
acadêmicos, administrativos e operacionais utilizados no curso em todos os
cenários: (a) das metodologias e estratégias utilizadas no processo ensino-
aprendizagem, desde a construção do conhecimento, passando por sua
aplicação, até a avaliação; (b) das dinâmicas institucionais e dos serviços
de saúde para entender como funcionam a infraestrutura física e de apoio;
(c) das políticas institucionais e dos programas de apoio que dão suporte ao
curso seja em relação ao ensino, à capacitação, à pesquisa e pós-graduação, e
à extensão; e (e) das relações entre academia, serviços e comunidade; enfim,
exigiu o conhecimento do universo que integrava o curso de medicina para
além da proposta curricular,
Segundo Minayo (2005), a elaboração de indicadores é um momento
de fundamental relevância para o grupo, já que permite o alinhamento de
conceitos, que geralmente estão na cabeça dos vários participantes, mas não
têm o mesmo significado para todos: “Nomeá-los e torná-los mais claros
para todos permite um estreitamento interdisciplinar e até transdisciplinar,
na medida em que esses conceitos se tornam unidades construídas
coletivamente e sob vários ângulos de consideração.” (MINAYO, 2005: 41)
Essa fase, também exigiu do grupo a compreensão coletiva da concepção
de educação que permeia o processo de formação do curso, onde conceitos
como competências, habilidades, currículo integrado, interdisciplinaridade,
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