Page 55 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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C APÍTULO I  EDUCAÇÃO SUPERIOR E AVALIAÇÃO



           privilegiado  na mídia.  Desde  os  primeiros  exames  divulgados  em  1997,
           foi estabelecido um “ranking” de cursos e universidades que passou a ser
           referência de “Qualidade” para o ensino superior, ainda que seus resultados
           pudessem  ser  questionados  em  função  de  boicotes  promovidos  pelos
           estudantes ou por subterfúgios utilizados pelas instituições na preparação
           dos formandos para a realização das provas, ou até mesmo na definição da
           inscrição dos que fariam as provas.


                     (...) Quando os indicadores de  avaliadores  selecionados,  especialmente
                     no Provão, podem induzir a uma virada de 180° na forma de priorizar/
                     trabalhar  os  conteúdos  –  preço  a  pagar  para  não  prejudicar  a  nota
                     institucional -, como fica o respeito ao projeto pedagógico em relação ao seu
                     entorno – os problemas, as necessidades da comunidade local/regional, que
                     obviamente contribuem para que se crie um contexto de relevância par os
                     saberes/conhecimentos tratados nos espaços educativos intencionalmente
                     ampliados? (SORDI, 2002: 65-6)



                Um outro  problema na exploração  dos resultados  dizia respeito  ao
           enquadramento  dos  cursos  nos conceitos  de acordo  com  os  percentuais
           estabelecidos,  e  a  desconsideração  das  diferentes  realidades  das  áreas
           avaliadas. Isso fazia com que se atribuísse um mesmo conceito para cursos
           com notas bastante diferentes e conceitos distintos para cursos com notas
           bastante próximas. Por exemplo, em determinada área eram considerados
           “A” cursos que de acordo com os critérios de outra área, seriam “E”.
                Além disso,  passou a ser valorizada a avaliação de “produto” em
           contraponto ao processo que vinha sendo desenvolvido pelas IES no âmbito
           do PAIUB, que abrangia as varias dimensões da universidade.
                Para  Dias Sobrinho (2003b:79),  “o Exame  Nacional  não estava
           propriamente a serviço dos educadores, dos docentes e pesquisadores da
           universidade,  nem  das  aprendizagens  dos  estudantes  e  de  sua  formação.
           Servia basicamente às políticas  governamentais”,  fornecendo  um
           mapeamento geral e momentâneo para o mercado. Entretanto, inúmeras
           eram as dúvidas quanto à sua fidedignidade e a validade de seus resultados. A

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