Page 56 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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questão principal era sobre a incapacidade do exame dar conta do fenômeno
            complexo da formação, ainda mais quando feito em um único evento.
                 Sobre essas e outras questões, a comunidade acadêmica se manifestou
            e mesmo os que defendiam  os méritos  do Exame  (alcance  nacional,
            comparabilidade, indução ao investimento em capacitação docente, infra-
            estrutura  e  acervo  bibliográfico)  também  ressaltavam  seus  limites  em
            compreender a complexidade da educação superior e em apreender o que
            de fato significava um curso de qualidade, não possibilitando identificar o
            quanto e o quê efetivamente a instituição agregava à formação do estudante,
            considerando que media apenas um momento pontual de sua trajetória.
                 O ENC foi aplicado durante 8 (oito) anos (1996-2003), atingindo 26
            áreas de conhecimentos das 52 oferecidas na época pelas IES brasileiras.
            Embora não tenha envolvido todas as áreas, permitiu a constituição de uma
            série histórica do desempenho e do perfil dos estudantes do ensino superior.



                 Novos rumos para a avaliação da Educação Superior
                 Desde  a  reforma  universitária  de  1968, a  legislação  para  o  ensino
            superior  pautou-se  em  um  modelo  que  prevê  a  indissociabilidade  entre
            ensino,  pesquisa  e  extensão.  Entretanto,  devido  à  grande  expansão  e
            proliferação  de estabelecimentos  de  ensino  superior,  poucas  foram  as
            instituições  que conseguiram instituir  a pesquisa e institucionalizar  a
            produção  científica,  assim  como,  desenvolver  programas  extensionistas
            voltados à transformação da sociedade.

                 Vários  pesquisadores  do  sistema  de  ensino  superior  reconheceram
            a necessidade  da heterogeneidade  no  que  se  refere  à diferenciação
            institucional, regional e de vocação. Já para a área que avaliava a qualidade
            das IES, a ideia parecia seguir tendência contrária: a legislação e o MEC, como
            órgão regulamentador e fiscalizador adotavam um modelo que reforçava as
            semelhanças  formais, principalmente  no que se referia ao seu resultado,
            objetivando assim uma lógica para a eliminação de falhas no desempenho
            institucional e proporcionando uma competitividade entre as IES.



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