Page 62 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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Esses  quatro  indicadores  combinados  comporiam  o  Índice
            de  Desenvolvimento  do  Ensino  Superior  –  IDES  (BRASIL,  2003a),
            acompanhados  de um protocolo  de compromissos  a ser cumprido pela
            direção do curso e da instituição, visando à superação de falhas, insuficiências
            e dificuldades identificadas. Ressalta-se, que como descrito no documento,
            a instituição que quisesse poderia optar por ter seu índice calculado apenas
            pelo desempenho dos alunos, tal como era feito com o Exame Nacional de
            Cursos.
                 Com base no IDES, o MEC continuaria classificando os cursos com o
            objetivo de responder às necessidades da sociedade e do próprio governo. A
            classificação teria por base três conceitos: bem avaliados, intermediários e
            não satisfatórios. Haveria ainda uma classificação por região, considerando
            localização,  número  de habitantes,  tempo  desde  a fundação  até  o
            credenciamento,  entre  outros  indicadores.  Essas  mudanças,  introduzidas
            pelo Ministro Cristovam Buarque, e que descaracterizaram a proposta inicial,
            se deram em função de críticas feitas pela imprensa de forma contundente
            ao que chamavam de “Ameaça ao Provão”.
                 O trabalho da Comissão Especial de Avaliação (CEA) foi acusado de
            acabar com o único sistema de avaliação que informava a sociedade sobre
            a qualidade dos cursos, ignorando-se que durante sete anos a população
            recebeu informações equivocadas sobre os mesmos. De acordo com essa
            interpretação,  a proposta  da  comissão  acabava com  a possibilidade  de
            comparação de diferentes escolas que ofereciam o mesmo curso, reduzindo
            consideravelmente  a  concorrência  e  ainda  impedindo  que  os  “alunos  de
            menor renda” utilizassem a principal ferramenta de julgamento das escolas,
            particularmente as privadas, onde conseguiam acesso. (BERTOLIN, 2004)
                 Felizmente,  durante  a  tramitação  da  medida  provisória,  a  proposta
            recuperou  elementos  importantes  do  texto  original,  e  embora  não
            contemplasse  totalmente  o  trabalho  da comissão  (CEA),  integrava os
            instrumentos propostos em um sistema que buscava articular regulação e
            avaliação educativa, o que foi considerado um grande avanço para a avaliação
            da educação superior brasileira.





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