Page 87 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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C APÍTULO II  A EDUCAÇÃO MÉDICA NO BRASIL



                     executar as reformas que se fazem necessárias no âmbito da sua realidade.
                     (LAMPERT, 2002: 97)


                Ainda que não fosse unanimidade, o fato é que o cenário era bastante
           favorável, e considerando  que as mudanças  para que fossem efetivas,
           deviam ser institucionalizadas, a exigência de que os cursos de graduação
           atendessem às diretrizes veio reforçar os movimentos internos, fortalecendo
           as tendências  de mudança  e apontando  um novo caminho  para o curso
           médico,  que  previu  entre  outras  questões:  a)  a  integração  de  conteúdos
           e  o  desenvolvimento  de  competências  e  habilidades;  b) a utilização  de
           metodologias ativas de ensino, para levar o estudante a aprender a aprender
           e a compreender a necessidade da educação permanente; c) a integração
           do ensino, serviços de saúde e comunidade, aproximando o futuro médico
           da realidade  social;  d) a articulação  entre  ensino,  pesquisa,  extensão  e
           assistência; e e) a formação de profissionais com autonomia e discernimento
           para assegurar a integralidade da atenção e a qualidade e a humanização do
           atendimento prestado aos indivíduos, famílias e comunidades.
                Formar profissionais com perfil adequado às necessidades sociais em
           qualquer área implica em desenvolver capacidades relacionadas a aprender
           a aprender, a trabalhar em equipe, a comunicar-se, a ter agilidade diante
           de situações-problema, a ter capacidade propositiva. Essas características
           não combinam com a formação tradicional e com a mera transmissão do
           conhecimento. Por isso a grande pressão para a superação do modelo, e para
           a adoção de metodologias que favorecessem o desenvolvimento do espírito
           crítico, da capacidade de reflexão, e a participação ativa dos estudantes na
           construção do conhecimento.  (FEUERWERER, 2002)
                Muitas escolas haviam iniciado seus processos de mudança, entretanto
           até aquele momento, a maioria deles voltado para reformulações curriculares
           pontuais, a introdução de metodologias ativas de ensino em uma ou outra
           disciplina,  e  mudanças  tímidas  de  cenários,  impactando  de  forma  muito
           limitada na formação  do médico.  Poucas  eram as iniciativas  que davam
           conta  da mudança de paradigma, rompendo  efetivamente  com o  modelo
           hegemônico.



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