Page 98 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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sinalizavam processos  de mudança de acordo  com  as tendências  que
            caracterizavam  a inovação  nos  processos  de educação  médica  em  todo  o
            mundo (BRASIL, 2002):
                 Eixo A – Orientação Teórica (produção de conhecimentos segundo as
                 necessidades do SUS e pós-graduação e educação permanente);
                 Eixo B – Abordagem Pedagógica (mudança pedagógica e integração
                 ciclo básico/ciclo profissional); e
                 Eixo C – Cenário de Práticas (diversificação de cenários do processo
                 de ensino e abertura dos serviços universitários às necessidades do
                 SUS).

                 De acordo com a proposta, cada um destes eixos era decomposto em
            dois vetores, e em cada um destes vetores eram descritos em três estágios,
            que partiam de uma situação mais tradicional ou conservadora no estágio 1
            até alcançar, no estágio 3, a situação objetivo desejada, que se aproximava
            mais do proposto pelas Diretrizes Curriculares.

                 Embora  designado  como  um  Programa  de  incentivo  às  mudanças
            curriculares,  o PROMED  deu uma grande contribuição  ao processo
            de avaliação  das Escolas  Médicas,  à medida  que propunha a avaliação
            permanente da transformação curricular.  A proposta de avaliação conjugava
            a avaliação interna e a avaliação externa feita por consultores externos, que
            estabeleciam a situação atual de cada curso como a base para o processo
            de mudança. A partir do estágio inicial, definia-se a imagem-objetivo a ser
            alcançada e apresentava-se o projeto com as ações que seriam desenvolvidas
            com  o  financiamento  do  PROMED.  Estabelecia-se  então  um  processo
            de acompanhamento  externo, que somado  à autoavaliação,  permitia  o
            acompanhamento contínuo dos processos de mudança.
                 Segundo Feuerwerker e Lima (2002), a base das propostas de mudança
            do PROMED era a democratização, que apenas se construiria por meio da
            intervenção  deliberada  de  sujeitos,  dependendo  da  correlação  de  forças,
            dos  poderes  instituídos  e  da  capacidade  de  se  construírem  espaços  de
            poder compartilhado. A mudança institucional deveria começar no próprio
            processo  de  construção  da  proposta  de  transformação,  e  dependeria  do


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