Page 216 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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ABORDAGEM CRONOLÓGICA DA BIBLIOGRAFIA
ser portadores “mais ou menos suscetíveis”; lactentes suscetíveis - nascidos após o
último surto; e alguns portadores crônicos. Considera o autor que, com a chegada
do frio, a agregação dos indivíduos em ambientes mal ventilados favorecerá a
transmissão do meningococo, cuja presença não se limitará, frequentemente, então,
à nasofaringe porque esta barreira se encontra comprometida em decorrência do
dessecamento na vigência de baixa umidade do ar e ventos salinos. Nessa ocasião,
haverá epidemia de infecções inaparentes e aparentes. A diminuição destas últimas
corresponde ao aumento de portadores imunes, embora sendo esta imunidade
provavelmente de curta duração. Dessa forma, comenta LAPEYSSONIE, no ciclo
de portador e DM, há uma relação determinante entre transmissão da doença
e fatores climáticos, os quais não parecem ter efeito, porém, na cessação dessa
transmissão.
Em relação à África do Norte, considerou que seu comportamento seria
intermediário entre aquele dos recrutas em países temperados e ao observado
na África do Sahel, tomando a epidemia da cidade de Fez, em Marrocos, como
exemplo. Neste caso, que coincidiu com grande festa religiosa local, além do frio,
teriam interferido os peregrinos suscetíveis que chegavam e o nível socioeconômico
da população.
De qualquer forma, a DM poderá resultar do confronto suscetível -
meningococo. E pergunta LAPEYSSONIE: “Que portadores adoecerão?” Sabe-se
apenas que os portadores muito recentes é que terão a doença (correspondente
ao período de incubação). Desconhece-se se trocas sucessivas, pelas múltiplas
transmissões entre portadores, levariam a variações da virulência, ou se a resistência
à forma meníngea se faz por anticorpos séricos. Contudo, “há certamente fatores
imunitários que nos escapam ainda, sejam eles específicos e inespecíficos, físicos,
séricos ou tissulares”.
GOLDSCHNEIDER, GOTSCHLICH & ARTENSTEIN, 1969 58, 59 , referiram
que a imunidade decorre do estado de portador intermitente desde a infância,
de cepas patogênicas e não patogênicas, resultando na produção de anticorpos
antimeningocócicos.
FAUCON & ZANNOTI, 1969 , discutiram o papel de portadores na eclosão
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dos surtos de DM, em função da epidemia de Fez. Segundo os autores a origem
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