Page 219 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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ABORDAGEM CRONOLÓGICA DA BIBLIOGRAFIA




                com determinados sorogrupos A, ou apenas por sorogrupo B. Fez, em seguida,
                com bases em sua revisão, algumas observações: “a proporção de portadores em
                uma população não é indicação de um surto”; “aglomeração e tipo de barracas

                (entre militares) têm pouco fundamento sobre a incidência da DM, embora
                possivelmente influenciem sobre taxa de portador”; “mudanças na incidência de
                DM não podem ser explicadas com base na urbanização”; “parece haver, como
                WILSON & MILLES (1964) apontam, uma tendência hoje a se enfatizar a possível

                mudança na constituição do portador ou na virulência do microorganismo como
                fatores iniciantes de um surto de infecção, mais do que fatores de aglomeração,
                ou de maciça invasão do meningococo em portador”.
                      O mesmo autor fez amplo estudo em campos militares da Nova Zelândia,

                incluindo clima, procedência e tamanho das famílias de portadores. Ressaltou
                que ali, de 1932 a 1966, a DM tem prevalecido entre nativos (maoris) em relação a
                europeus, ocorrendo 70,5% dos casos abaixo dos 5 anos entre os primeiros, para
                52,2% entre os últimos. A partir de 1 caso de meningite meningocócica entre 47

                recrutas que ocupavam a mesma sala, no campo militar de Waiouru, verificou 85%
                (30 casos) de portadores enquanto, na mesma época, a proporção de portadores
                entre 11 comunicantes de 1 criança com DM, filha de operário, foi de 36,3% (4
                casos). A partir disso, em dois campos militares, de Waiouru a 814 metros acima

                do nível do mar e com temperatura média de 8,2°C, e de Burnham a 11 metros
                acima do nível do mar e temperatura média de 11,0°C, determinou a taxa de
                portadores à admissão dos recrutas e 1 mês após, estando o campo de Waiouru
                sob neve e o de Burnham em final de verão e início de outono. Essa taxa, na 1ª e

                2ª coletas, foi maior em Burnham, com média de 36,5%, do que em Waiouru, com
                média de 27,5%, mantendo-se, no período, bastante estável; nesses acampamentos
                não ocorreu, então, nenhum caso de DM. Quanto à procedência dos portadores,
                não pareceu haver diferença significativa. O tamanho das famílias dos portadores

                influenciou pouco sobre a prevalência; no entanto, houve uma definitiva correlação
                entre suabes positivos e casas localizadas em locais aglomerados e “sem jardins”.
                Finalmente, discutiu o autor, que clima, ambiente, fatores físicos e sociais, além de
                étnicos, têm sido utilizados por diversos pesquisadores para explicar a existência

                de portadores e não portadores de N. meningitidis, mas que, embora citados por
                sucessivos autores, não o são em função da experiência de cada um.


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